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A Estação Ferroviária de Cachoeira Paulista: primeiro final de linha da Estrada de Ferro Central do Brasil

  • Foto do escritor: Carlos Fernando
    Carlos Fernando
  • há 1 dia
  • 3 min de leitura

Trata-se do prédio da antiga estação ferroviária de Cachoeira Paulista, Estado de São Paulo, servida, quando em operação, pelo Ramal de São Paulo, da Estrada de Ferro Central do Brasil.

Atualmente, encontra-se em estado de arruinamento, mas com fachadas ainda íntegras, embora demandando consolidação e restauro.



Em sua composição original, compunha-se de elementos de um, dois e três pavimentos, sendo este o corpo central, e os laterais, com dois pavimentos.




Este arrojado, ainda que arruinado, conjunto arquitetônico, que contrasta com a singeleza das demais estações do ramal, pode ser explicado pelo histórico da própria ferrovia, que data dos primórdios do transporte ferroviário no nosso país:  a Estrada de Ferro Pedro II.

 


A Estrada de Ferro Pedro II

Excetuando-se o pequeno trecho ferroviário que ligava o fundo da Baía de Guanabara ao sopé da Serra dos Órgãos, pode-se se dizer que a Pedro II, foi a primeira ferrovia a ligar a Corte às províncias mais próximas, mas, principalmente que terá a sido a primeira ferrovia a acompanhar a expansão da cafeicultura, algo que pelos anos subsequentes continuará ocorrendo, conforme a ilustração abaixo:


Mapa da expansão cafeeira e da malha ferroviária: in Toledo e Gancho, 1992, pág. 34
Mapa da expansão cafeeira e da malha ferroviária: in Toledo e Gancho, 1992, pág. 34
Estrada de Ferro Pedro II, renomeada Central do Brasil – in Vaques, 2008 pág.07
Estrada de Ferro Pedro II, renomeada Central do Brasil – in Vaques, 2008 pág.07

Neste sentido, a E.F Pedro II tem seu início na primeira fase de expansão da cafeicultura, quando as plantações ganham as regiões serranas fluminenses e logo se expande pelas Províncias de Minas Gerais e São Paulo.

          Conforme nos informa Suevo (2004) “A partir de meados de 1863, a E. F. D. Pedro II seguiu em direção ao Vale do Paraíba com a construção de vários túneis em sua ligação até Barra do Piraí... (pág.11). Quanto ao Ramal de São Paulo, o subtrecho Barra do Piraí e Cachoeira (Paulista) foi construído entre setembro de 1871 e julho de 1875.”

          Segundo o mesmo autor, o trecho até São Paulo, só é terminado em novembro de 1887.

          Ou seja, ao menos por 12 anos, a estação de Cachoeira, como se chamava à época, teve a primazia de ser “ponta de linha”, condição que Ghirardello ressalta como: “As cidades “ponta de linha” usufruíam dessa condição a favor de seu crescimento urbano”... citando vários exemplos no estado de São Paulo, como Bauru e São José do Rio Preto, e acrescenta que “ “Enquanto é fim de linha, a cidade recebe moradores das zonas novas, interessados em embarcar nas composições, e também, nos serviços e com´´ercio locais, assim como toda carga a ser transportada vinda da região em vias de abertura. Quanto mais tempo essas cidades permanecessem como “ponta de linha”, maior chance teria para garantir sua solidez econômica, amparada em outros setores além do agrícola, como os serviços e comércio.” (2011, pág. 77).

          Certamente, o curto espaço temporal entre a chegada do trem em Cachoeira e o que termina por chegar na capital paulista, se legou à cidade a bela estação terminal, não foi suficiente para reafirmar a cidade como principal núcleo urbano da região, até porque, como já se viu, a própria cafeicultura já buscava novas fronteiras, ainda no Século XIX.

 

 

Bibliografia utilizada

 

Toledo, Vera Vilhena e Gancho, Candida Beatriz – “Sua Majestade o Café” – São Paulo, Moderna, 1992.

Vaques, Pedro – “ Caminhos do Trem, as grandes ferrovias”- São Paulo, Duetto editora, 2008.

Ghirardello, Nilson – “Cidades e ferrovia”, in “Território e cidades”, São Paulo, Alameda, 2011.

Suevo Rodrigues, Helio – “A Formação das Estradas de Ferro no Rio de Janeiro” – Rio de Janeiro, Memória do Trem, 2004.

 

 

 

 

 

 

 

 
 
 

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