Tipo: Comercial
Cliente:: Irmandade Santa Cruz dos Militares
Categoria de projeto: Restauro
Período: 2014
Realizado pela URBANACON, em 2014, o projeto de restauro da Igreja da Santa Cruz dos Militares, localizada na Rua Primeiro de Março, 36, na região central da cidade do Rio de Janeiro, trouxe à luz os melhores tempos dessa construção, cenário de eventos e questões importantes na história do País.
Com grande solenidade em 10 de setembro de 1780, foi lançada a pedra fundamental da Igreja de Santa Cruz dos Militares, atual edifício da Irmandade de mesmo nome, sendo a obra concluída 31 anos mais tarde. Assim, em 28 de setembro de 1811 é inaugurada com missa solene, na qual compareceu o príncipe regente D. João, que na ocasião recebeu o título de seu protetor. Por outras duas vezes a igreja foi considerada "Imperial": a primeira, por D. Pedro I, em 3 de dezembro de 1828, e a segunda em 1840, por seu filho D. Pedro II, na qual ambos se declararam seus protetores.
Sua origem se dá devido o desejo dos oficiais e soldados do Forte de Santa Cruz de, naquele local, edificarem uma ermida onde os militares pudessem ser sepultados. Sendo assim, a Irmandade Santa Cruz dos Militares é fundada em 14 de setembro de 1623, sendo seu primeiro provedor o Capitão Martim de Sá, então governador do Rio de Janeiro.
Em 15 de abril de 1923, o papa Pio XI, por meio de um decreto-papal, agrega a Igreja da Cruz dos Militares à Sacrossanta Basílica do Vaticano, em Roma.
A igreja é um dos exemplos mais vivos da influência da arquitetura barroca e maneirista italiana, que de forma mais comedida fazem alusão às igrejas projetadas por Vignola durante o século XVI, devido às suas volutas laterais e também por seus frontões revisitados. Internamente, os trabalhos de entalhe das paredes laterais do altar-mor representam o martírio de Nosso Senhor, além de troféus e instrumentos militares. Todos esses adornos são ricas obras do Mestre Valentim, arquiteto e escultor também responsável pela feitura do Chafariz do Carmo, localizado próximo à igreja, no centro da praça XV.
No projeto, foram previstos reparos de pintura e de alterações cromáticas, reestruturação do telhado e retirada de vegetação invasiva, bem como a limpeza de danos causados pelas intempéries, como a crosta negra (originada a partir da poluição dos grandes centros urbanos), manchas de umidade e trincas. Foi proposta também a limpeza de todos os ornatos, como cornijas, frisos, capitéis, folhas de acanto, vergas e sobrevergas, florões e demais elementos.
Não foram incluídas intervenções ou recuperações cromáticas nas cantarias, por essas transformações serem resultado da atividade de agentes naturais e não oferecerem comprometimento à identidade visual e à estabilidade do material. Tal decisão também pode ser atribuída aos princípios de metodologia de restauro de Cesare Brandi, em que ele diz: “A restauração deve visar o restabelecimento da unidade potencial da obra de arte, desde que isso seja possível sem cometer um falso artístico ou um falso histórico, e sem cancelar nenhum traço da passagem da obra de arte no tempo”.
Assim, esse importante marco arquitetônico e urbanístico pode se eternizar na paisagem em sua melhor condição, perpetuando a história da cidade do Rio de Janeiro como palco de grandes acontecimentos.